STF julga trama golpista de 8 de janeiro: divergência entre Fux e Moraes

O voto do ministro Luiz Fux na sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), referente ao julgamento da suposta trama golpista ligada aos atos de 8 de janeiro, provocou uma forte reação do Partido dos Trabalhadores (PT) e de figuras políticas de esquerda.
Fux divergiu da posição do relator Alexandre de Moraes, defendendo que o STF não detém a competência para analisar o caso. Essa decisão acolhe os argumentos preliminares apresentados pelas defesas de oito réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O julgamento, que ocorreu em Brasília na semana passada, pode determinar o futuro dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
O PT criticou veementemente o voto de Fux, acusando-o de contradição por ter anteriormente decidido em ações relacionadas aos atos de 8 de janeiro sem questionar a competência do STF. Para o partido, a decisão do ministro representa uma traição à democracia, à justiça, às instituições brasileiras e ao próprio STF, com o intuito de isentar Bolsonaro, políticos e militares envolvidos na trama golpista.
Políticos de esquerda também se manifestaram de forma contundente contra o voto de Fux. O vereador Pedro Rousseff (PT-BH), sobrinho-neto da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), classificou a decisão como “100% ilegal”, argumentando que crimes de golpe de estado são julgados no STF. Rousseff também acusou Fux de ser “capacho do bolsonarismo”.
O placar atual na Primeira Turma é de dois votos a zero pela condenação, com votos favoráveis à responsabilidade dos réus por parte do relator Alexandre de Moraes e do ministro Flávio Dino. Falta ainda a decisão dos ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin para que o julgamento seja finalizado.