Mulheres que já se infectaram ou tomaram vacina para covid são capazes de transmitir seus anticorpos através do leite materno para o bebê.
Dois estudos científicos feitos na Espanha e com resultados divulgados nesta segunda-feira (14), mostrou que lactantes infectadas com a Covid-19, apresentaram anticorpos específicos contra o vírus.
“Em nenhum leite materno fomos capazes de detectar o RNA do vírus, e encontramos que, na maioria das mulheres infectadas, havia presença de anticorpos, sugerindo que o leite materno é um veículo de transmissão de anticorpos”, afirmou María Carmen Collado, pesquisadora do CSIC.
Também foi analisada a presença de anticorpos em 75 mulheres lactantes, imunizadas com três tipos de vacinas: Pfizer (pauta completa), Moderna (pauta completa) e AstraZeneca (uma dose). Conforme o comunicado do CSIC, o trabalho mostrou a presença de anticorpos específicos nas amostras.
Os níveis de anticorpos variaram de acordo com a vacina recebida, mas não comunicaram qual versão produziu o maior nível de imunidade.
O estudo mostrou ainda, que o leite das mulheres vacinadas com uma dose e que sofreram a doença, tinha níveis de anticorpos equivalentes aos de mulheres saudáveis com as duas doses.
A pesquisa continua para estudar o impacto das novas variantes do coronavírus nos anticorpos presentes no leite materno, além de analisar os efeitos da infecção por Covid-19 no sistema imunológico e no desenvolvimento infantil, destaca o CSIC.
É recomendado o aleitamento materno de forma sistemática, em todos os casos em que a mãe tenha pouco ou nenhum sintoma da doença, explica a médica Cecilia Martínez Costa, do serviço de pediatria do Hospital Clínico de Valência.
Outros estudos feitos anteriormente, já demonstraram a presença de imunoglobulinas IgG e IgA substanciais contra o vírus da covid-19, no leite materno. No entanto, as pesquisas ainda não comprovaram se as crianças realmente ganham imunidade e por quanto tempo.
O leite materno é poderoso desde a primeira mamada. O colostro, primeiro leite secretado pela mãe, é um líquido com aparência de água de coco rico em proteínas e anticorpos. Por isso, é considerado a primeira vacina do recém-nascido. Amamentar o bebê com o colostro é uma das formas de proteger seu corpinho em formação.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda o aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses de vida do bebê e complementar até no mínimo os dois anos de idade.