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Quem são os “Naturei Karta”: Rabinos Queridinhos do Irã e Aliados do PT no Brasil que Defendem o Fim de Israel

Grupo judaico ultraortodoxo e antissionista, banido de Israel, esteve na Câmara dos Deputados a convite do Partido dos Trabalhadores, gerando controvérsia por suas posições e alianças.

Uma cena inusitada na Câmara dos Deputados, no início deste mês de julho, gerou grande repercussão: a presença e a fala de um rabino que defendeu abertamente o fim do Estado de Israel em um evento convocado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). O rabino em questão, Yisroel Dovid Weiss, que recentemente teve sua entrada em Israel permanentemente banida, é membro do grupo ultraortodoxo judaico ‘Naturei Karta’. Este grupo tem se tornado “queridinho” de movimentos de esquerda pró-Palestina e, em grande medida, pró-Hamas.

Os Naturei Karta são caracterizados como um grupo fundamentalista judaico que mantém relações muito próximas com o Irã. Sua presença é notória em eventos de negação ao holocausto e em manifestações pró-Palestina. A principal razão para sua rejeição à existência do Estado de Israel é estritamente religiosa: eles acreditam que a criação do Estado, independentemente de sua forma ou localização, só pode ocorrer por vontade divina, e não por ação humana, uma vez que veem os judeus vivendo sob exílio como um castigo bíblico. Essa posição os torna insulares dentro da maior parte da comunidade judaica. Além disso, o grupo defende ideias consideradas retrógradas em relação aos direitos das mulheres e a algumas visões sobre a sociedade atual.

As alianças do Naturei Karta com inimigos de Israel, que clamam pela destruição do Estado, levaram à sua ampla rejeição tanto pela população quanto pelo governo israelense. A revogação permanente do visto do rabino Yisroel Dovid Weiss pelo ministro do Interior de Israel, Moshe Arbel, após seu encontro com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, no Brasil, é um exemplo dessa postura.

As aproximações entre membros do Naturei Karta e lideranças da república islâmica não são recentes. Em 2006, o grupo participou de uma conferência em Teerã que questionava a existência do Holocausto, onde esteve presente o ex-presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que afirmava que o Holocausto era um “mito”. Em 2009, integrantes do movimento se reuniram com lideranças do Hamas, incluindo Ismail Haniyeh, um dos idealizadores do ataque terrorista de 7 de outubro.

Daphne Klajman, especialista em antissemitismo e coordenadora acadêmica do Hillel Rio, criticou duramente a aproximação do governo brasileiro com o Naturei Karta. Para ela, considerar o grupo “como qualquer tipo de grupo válido ou representativo do povo judeu mostra como o presidente (Lula) está mais interessado em se aliar contra Israel do que em se aliar com sua própria comunidade judaica local”. Klajman expressa preocupação com o aumento do antissemitismo no Brasil e a percepção de que o governo não o reconhece como um problema real, enquanto se aliança com um regime que apoia o financiamento de ações terroristas e a destruição de Israel.

A especialista ratifica que a oposição do Naturei Karta a Israel é puramente religiosa e não tem relação com justiça social. No entanto, o grupo se aproveita dos movimentos de extrema-esquerda para promover suas crenças religiosas. Klajman aponta a contradição e hipocrisia de movimentos progressistas que, embora defendam direitos das minorias e igualdade, se aliam a um grupo fundamentalista com valores opostos aos seus, como a rejeição aos direitos LGBT e à igualdade das mulheres Eles rejeitam os direitos LGBT, não acreditam nos direitos iguais das mulheres”, alerta., Para a especialista, a aproximação dos movimentos progressistas com o Naturei Karta é “contraditória e hipócrita”. “Os progressistas falam que sustentam diversas causas, direitos das minorias, igualdade dos povos, mas diante de um grupo de fundamentalistas religiosos com valores exatamente opostos a 100% de tudo que eles acreditam – porém que também são contra Israel – aí tudo bem”, ironiza. “É como os movimentos progressistas encaram aproximações com esse movimento e até com o próprio Irã”, opina Klajman

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