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O Renascimento: Progresso e Decadência

No que se refere à visão comum do Renascimento como um período de progresso intelectual e artístico, a história nos apresenta uma perspectiva diferente. Contrariando a ideia de um avanço, diversos historiadores, como Jacques Le Goff e Ruy Afonso da Costa, apontam para uma queda na qualidade educacional e um aumento da corrupção social na Itália, berço do Renascimento.

Essa decadência intelectual está documentada em testemunhos da época, como o de Ricardo de Bury, que descreve como os estudantes dedicavam pouco tempo aos estudos, priorizando o prazer e os vícios. Esse declínio, segundo historiadores, se iniciou por volta do ano 1300, com a institucionalização da Universidade e a separação entre ela e o clero.

A criação do diploma, que conferia autonomia e prestígio aos professores, contribuiu para a profissionalização do ensino, mas também para a perda de foco na busca pelo conhecimento. A instituição se tornou um meio de ascensão social e econômica, em detrimento da dedicação à contemplação e ao estudo do saber.

Essa mudança de foco se intensificou com a Peste Negra, que devastou a Europa no século XIV. O medo da morte e a busca por prazeres imediatos influenciaram a moral da época, dando origem a um contexto de individualismo e orgulho.

Paralelamente, a filosofia sofreu um retrocesso. O nominalismo, uma corrente de pensamento que questionava a existência de essências universais, ganhou força, refletindo a fragmentação do conhecimento e a desconfiança em relação à tradição intelectual.

Nesse ambiente cultural, surgiram os humanistas, classe intelectual que priorizava o estudo da retórica, da poesia e da estética, afastando-se da busca pela sabedoria e pela fé. Voltaire, Diderot e Rousseau são exemplos de figuras humanistas que, por meio de seus escritos, questionaram valores tradicionais e promoveram a igualdade.

A influência do neoplatonismo, com suas ideias esotéricas e pagãs, também se intensificou, alimentando movimentos como a Maçonaria, que buscava resgatar práticas antigas e promover uma nova ordem social.

O Renascimento, então, emerge como um período de contradições: um marco cultural marcado pela estética e pela exploração do individualismo, mas também pela decadência moral e intelectual, que abriu caminho para a modernidade e suas transformações.

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