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TURISMO LOCAL PARAGUAÇU PAULISTA

IGREJINHA DO PRESENTE- cultura e religião

Corria o ano de 1926 a maioria das propriedades rurais eram ocupadas com plantações de café, lavoura que movimentava a economia danossa região. O bairro do Brumado naquele tempo, apesar de possuir poucos cafezais, tinha uma extensa mata virgem e era comum avistar animais como onça-pintada rodeando as propriedades rurais. Foi nesse ano que chegou ao bairro rural do Brumado um religioso peregrino,que pediu permissão ao senhor Manoel Marques para acampar em suas terras, à beira da estrada.Como era uma pessoa religiosa estava sempre com o terço na mão, rezando e orando pelos enfermos e pelos moradores do Brumado, daí começaram a chamá-lo de benzedor. Seu nome era Manoel Lopes e com a permissão concedida pelo seu xará Manoel Marques, ele se instalou em uma pequena tenda e todos os dias ao cair  da tarde, convidava os vizinhos para virem à sua cabana para rezar o terço.  Alguns moradores mais antigos contam que, certa vez, uma família de agricultores estava trabalhando na plantação de café e a filha mais nova, uma menina de três anos, estava brincando à sombra de um dos pés de café, enquanto os pais capinavam o cafezal. De repente a garotinha começou a gritar e, ao examiná-la os pais perceberam que a criança tinha sido picada por uma cobra coral, que era muito comum no meio da plantação. Os pais levaram a menina até Sapezal, onde existia uma farmácia e onde lhe aplicaram uma injeção. O medicamento não surtiu efeito não cortando o veneno da cobra, a garotinha já apresentava tremores musculares náuseas e vômito.Uma senhora aconselhou que levassem a menina às pressas a um benzedor que estava morando em uma barraca nas terras dos Marques, no Brumado, junto a uma nascente d’água. O mais incrível dessa história é que, quando o pai da menina chegou com ela nos braços, Manoel Lopes já a esperava com a chaleira de água no fogo, onde havia colocado algumas ervas para ferver; antes que os pais da menina dissessem alguma coisa, o benzedor disse “ Segurei a vida dessa inocente em oração para ela aguentar chegar até aqui e é só ela tomar o chá que estou  preparando que o veneno deixará o seu corpo”. O chá fez com que a menina suasse  bastante e em poucas horas estava correndo e brincando. O Senhor Manoel Marques Garcia Filho, nascido e criado no Brumado, filho do seu Manoel Marques, é testemunha ocular dessa história que vamos contar: uma jovem moradora de Sapezal foi acometida por uma doença maligna e seus pais não  acreditavam nas orações do benzedor, mas mesmo assim, alguns amigos da família, na esperança de ajudar a jovem, levaram uma peça de roupa da moça para Manoel Lopes benzer.  O benzedor ao pegar no vestuário da moça disse: “ Essa moça não verá o sol de amanhã”. Ao voltarem para Sapezal, eles comentaram que o curandeiro havia dito que a moça iria morrer. Sua profecia se cumpriu: a jovem faleceu naquela madrugada. Os pais da moça ficaram muito nervosos quando souberam da previsão da morte da filha, foram à delegacia e prestaram queixa ao delegado contra o benzedor.  No mesmo dia, o delegado acompanhado de policiais, saiu em diligência até o bairro do Brumado, onde estava acampado o benzedor. O senhor Manoel Marques, proprietário da terra, que estava cortando madeira para construir uma igrejinha no local da barraca onde estava acampado o benzedor, ficou surpreso com a decisão da polícia. Quando a polícia chegou à barraca encontrou Manoel Lopes com o terço na mão rezando e com um saco do lado, como já estivesse à espera dos militares. Foi dado voz de prisão e levaram-no para cadeia em Sapezal. A velha cadeia de madeira  ficou cercada de curiosos que queriam ver o vidente que tinha previsto a morte da moça. Já corria por toda a região a sua fama de milagreiro pelas coisas que ele estava fazendo. Segundo Manoel Marques Garcia Filho, um fato curioso aconteceu na hora em que o delegado o conduziu até a cela: pediu aos policiais que recolhessem os pertences do benzedor que estavam na área externa dadelegacia.Foram lá fora e uma coisa estranha aconteceu: os policiais não tiveram força para carregar o saco para dentro da delegacia. Ficaram sem entender, já que que o benzedor tinha vindo a pé de Brumado a Sapezal com aquele saco nas costas e eles, juntos, não conseguiram levantá-lo do chão.Os policiais chamaram o delegado que também não conseguiu levantar o saco. O delegado pediu para o preso buscar o saco em que estavam seus pertences e, para surpresa de todos, o benzedor levantou-o com a maior facilidade. O delegado, não se contendo de curiosidade, quis saber o que ele carregava  dentro do saco. Com a maior naturalidade, ele abriu a boca do saco e pediu para que os polícias olhassem dentro: havia apenas uma lona com um desenho da imagem de Nossa Senhora Aparecida. O benzedor Manoel Lopes contou para os policiais que ele era um ex-padre, que havia cometido um grave pecado, e como  penitência teria que viver como andarilho, morando de favor em barracas à beira da estrada. O delegado, assustado com o ocorrido, mandou liberar o mais rápido possível o misterioso preso. Ao chegar ao Brumado, ele anunciou que estava indo embora e ao se despedir do dono das terras, Seu Manoel Marques, que o tinha acolhido com tão boa vontade, disse: “Essa nascente d’água foi benta e toda pessoa que tiver enfermidade na vista e banhar o rosto nessa nascente com fé, será curada”. O benzedor agradeceu profundamente a hospedagem e sumiu pela trilha que cortava a mata fechada e nunca mais se soube dele. Atualmente na  beira da nascente da Água do Presente, no Brumado, foi construída uma igrejinha onde, uma vez por mês,  é rezada uma missa. Hoje a Igrejinha é muito visitada por pessoas que vão em busca da água da nascente e visitada pelos ciclistas que fazem trilha visitando a Igrejinha do Presente.

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