fbpx
Entrevista

Folha de Paraguaçu entrevista o psicólogo Íris Vieira

Na entrevista, aborda-se a ansiedade entre adolescentes e jovens adultos durante a pandemia

Abaixo, a transcrição da entrevista:

Folha de Paraguaçu: Você trabalha frequentemente com atendimento a adolescentes e jovens. Tem visto aumento na incidência de depressão, ansiedade ou outros problemas nessa faixa etária?

Íris Vieira: O que tem aumentado é o número de jovens que não estão bem. Creio que não necessariamente todos estejam sendo diagnosticados com depressão ou ansiedade, mas o número de pais que têm procurado ajuda aumentou, porque são duas situações: muitos jovens, ao ficar mais em casa, com a diminuição dos vínculos sociais, passaram a ficar mais calados, porque a adolescência já vem com essa questão de se fechar, é um momento introspectivo, então eles ficam ainda mais introspectivos e isso leva os pais a buscar ajuda. E, automaticamente, em quem já tinha uma predisposição à depressão ou ao transtorno de ansiedade, isso se agravou. Então, existem, sim, alguns jovens diagnosticados. É importante falar sobre isso, porque muitos pais não têm a noção de que possa haver uma depressão ou um transtorno de ansiedade. Uma outra questão, também, é que tenho percebido, tenho atendido muitos casos de bons alunos em crises emocionais por causa do medo de reprovação e por causa da dificuldade de adaptação ao sistema online. É um fenômeno que está acontecendo, tenho presenciado muito: muitos jovens em crises emocionais, tendo crises de choro, de ansiedade, porque não estão conseguindo acompanhar tudo e estão com medo de reprovação. Geralmente esses jovens são bons alunos na escola, são alunos aplicados, que gostavam muito de estudar: eles estão tendo crises de ansiedade. Então, essa pandemia, como é incerta, como muitas questões ainda estão sendo pesquisadas, tudo é novo, é bom ter essas conversas porque, conforme vamos percebendo, vamos alertando a sociedade. Deixo um alerta, então, aos professores, às escolas, que dêem atenção a essas crises de ansiedade por causa da dificuldade de adaptação ao sistema online, de fazer tudo à distância, e da falta de interação social. Sei que não se pode fazer muito quanto à questão da interação social, mas às vezes a escola pode ter meios, métodos, de fazer, mesmo que online, algo mais dinâmico, para interagir com os alunos.

Folha de Paraguaçu: No caso, então, aproveitando o que você falou sobre a ansiedade desses bons alunos que se tornam mais introspectivos por não se adaptarem ao recurso das aulas online, você sugeriria uma conversa maior entre os pais e os professores a respeito disso, talvez para que os próprios professores auxiliem e aconselhem sobre como lidar com a introspecção, não somente com a formação escolar? Porque o professor lida com vários jovens todos os dias, muitas vezes ao longo de anos, ele tem uma percepção de como lidar com o jovem e como fazê-lo falar. Até por conta da vida social na escola, existe uma proximidade maior, principalmente no caso dos bons alunos. Seria o caso dos pais conversarem com a escola para pedir o apoio dos professores ou já encaminhar diretamente, talvez, para o atendimento psicológico? Qual seria sua sugestão sobre isso em primeiro lugar?

Íris Vieira: Durante a pandemia, tenho percebido que muitas emergências psicológicas têm vindo buscar atendimento na Santa Casa, porque eu acho que na rede os psicólogos estão atendendo online, um ou outro caso mais grave que está recebendo atendimento presencial. Tenho visto que as escolas têm colaborado muito, elas têm deixado alguns representantes, como coordenadores pedagógicos, para entrar em contato e, assim que os pais procuram ajuda, eles encaminham para um tratamento psicológico. A grande dificuldade é que, nessa pandemia, os pais foram pegos de surpresa nessa questão de acompanhar. O acompanhamento pedagógico por parte dos pais sempre foi uma luta para a escola, toda escola tem essa dificuldade junto aos pais, de ter pais que não acompanham seus filhos, que não sabem o que está acontecendo, o desempenho: ficam mais à espera do boletim para classificar as notas. O que está acontecendo hoje é a questão dos pais. Uma matéria da Folha de São Paulo, do dia 06 de agosto, trouxe a questão do estresse nos lares, onde homens e mulheres estão se queixando do aumento das atividades. Eu entendo que muitas mães, além de trabalhar em home office, têm que cuidar dos filhos e da casa, então é muita coisa.

Folha de Paraguaçu: Como mãe e aluna de Pedagogia, conheço bastante bem essa realidade. Trabalho há alguns anos em home office e recentemente precisei acrescentar a essa atribuição o acompanhamento das atividades de meus dois filhos. Então, você abordou essa questão do burnout por conta do acúmulo de atribuições, isso se reflete no comportamento do adolescente?

Íris Vieira: Sim. A Folha de São Paulo trouxe essa reflexão sobre as mães e os pais terem reclamado, terem entrado em um estresse maior pelo acúmulo de funções. Automaticamente, esse acompanhamento ao filho é um pouco prejudicado, também. Segundo a medicina, segundo a ciência, o novo coronavírus é uma doença sistêmica, que afeta todo o corpo, indo nas regiões mais frágeis, então, na parte emocional, vemos também que existe um problema sistêmico, que, na família, acaba afetando a parte mais frágil, que é o adolescente. O acúmulo de tarefas que já existia anteriormente agora piorou; se os pais não acompanhavam os filhos, essa dificuldade aumentou. O problema do jovem, hoje, é uma consequência também dos pais estarem passando por esse estresse, essa ansiedade. E, voltando ao assunto do problema emocional do jovem, o que tem acontecido muito é o medo do futuro, as crises de ansiedade. A ansiedade é justamente o medo do futuro. O medo de se contaminar, o medo de perder alguém da família, ou os jovens que perderam alguém da família, tudo isso tem causado uma dificuldade de aprendizagem, não quanto à aprendizagem em si, mas também na aprendizagem do sistema remoto de ensino. A criança e o jovem necessitam da interação para aprender: ficar diante de uma tela é difícil pra eles, que são dinâmicos, isso é mais fácil para nós, adultos: hoje, com o mundo EAD, isso é mais fácil para nós, que já nos acostumamos com essa tecnologia que já vem de anos, mas a criança e o adolescente estão tendo dificuldade de se adaptar, pelo fato de não ter essa interação com outros, e agora ter que ouvir mais os pais, tendo os pais mais por perto. Os pais também têm essa dificuldade de estar acompanhando mais diretamente. Muitos pais não têm essa condição de acompanhar, alguns por fragilidades pedagógicas, outros por falta de tempo, outros pelo fato de estarmos vivendo esse momento de grande estresse e ansiedade. Por isso, a sociedade deve ficar alerta a esses sinais do jovem: o isolamento, a automutilação, o que ele está falando, com quem ele está falando. Antes da pandemia, os psicólogos, os psiquiatras e médicos de outras especialidades sempre pregavam a redução do tempo das crianças e jovens no celular, no computador, e agora vem um tempo em que tudo é no celular e tudo é no computador. Então, mudou um pouco a orientação que existia.

Folha de Paraguaçu: Era, então, uma informação contraditória em relação ao que era orientado anteriormente. Mudando um pouco o foco, até aqui tratamos do caso do adolescente na escola, no colégio, mas em relação aos jovens adultos, aqueles que já terminaram a escolarização e que estão na busca por emprego e, bem no meio desse processo de buscar um trabalho, eventualmente sair da casa dos pais, ou até mesmo precisar ser um arrimo para os pais, o que é mais comum do que imaginamos, e no meio disso tudo, vem a pandemia. Um jovem adulto em quem, teoricamente, o desenvolvimento psicológico já está mais consolidado. Como a questão da pandemia, aliada com esse início da vida adulta e a busca por uma oportunidade de trabalho, como isso afeta o psicológico desse jovem adulto? E o adolescente, ele também se questiona em relação a isso? “Ah, quando eu terminar a escola, será que vou ter trabalho, por conta da pandemia, quanto tempo isso vai durar, como isso afeta o meu futuro pós-escola?”

Íris Vieira: O jovem adulto é um público, também, que está sofrendo com a pandemia. Primeiro, pela questão de ter mais responsabilidades e de se cobrar mais porque, se esse jovem adulto mora com os pais e estes são do grupo de risco, ele automaticamente tem a responsabilidade de ir para fora pelos pais, e infelizmente, com essa pandemia, veio junto o desemprego. Então, às vezes esse jovem está vivenciando um cenário de desemprego em casa, de diminuição de renda e, ou ele não pode fazer nada, porque essa fase de busca do primeiro emprego é difícil, essa fase de início da vida adulta e de assumir responsabilidades é bem difícil, é muito difícil começar, e aqueles que estavam empregados estão vivendo um momento difícil porque muitas empresas tiveram que demitir e muitos lugares, muitos RH, podem ter a reflexão de que é melhor mandar um jovem embora, um jovem na faixa dos 18 aos 20 anos, que não é casado e nem tem filhos, do que mandar alguém que é casado e com filhos, ou alguém que paga pensão, por exemplo. Geralmente, numa situação dessas, o jovem acaba sendo mandado embora, sendo desligado, principalmente pela pouca idade e, consequentemente, pouco tempo de empresa. Então, em algumas escolhas, os jovens têm sido mandados embora, demitidos. Eles estão vivendo essa crise, já era difícil conseguir o primeiro emprego, com a pandemia, quando conseguem o emprego, perdem o trabalho ou têm o tempo reduzido, e precisam ajudar os pais, todos esses fatores vêm provocando essa angústia nesse público, que gira em torno disso: ao mesmo tempo em que precisam assumir responsabilidades, é um tempo em que não podem fazer muita coisa, em que fica mais difícil o jovem ajudar e se colocar. Quanto à outra pergunta, sobre o adolescente e o jovem, e o que eles pensam do futuro. Como tudo está mudando, vem mais ansiedade. Um público, antes da pandemia, muito presente em consultórios ou para o qual tem sido pedida minha presença nas escolas em palestras, geralmente é o público do terceiro colegial, que está escolhendo uma profissão. Já era difícil. É comum a angústia do jovem de terceiro colegial, quando ele não sabe muito o que fazer, o que quer. Esse assunto da avaliação vocacional, a escola precisa debater mais. Vejo que a escola ainda tem essa fragilidade de lidar com a questão vocacional, a escola ainda precisa fazer muito mais. Lembro de uma vez em que fui convidado pelo GEPE para fazer uma Semana Profissional: a escola pediu que eu levasse profissionais, e eu falei três dias. Nutricionistas, advogados, enfermeiros, eu como psicólogo, e outros profissionais que iam à escola e conversavam com os alunos, e aquela foi uma turma que conseguiu se colocar muito bem. Então, já era difícil: agora, ficou pior, porque estamos vivendo indefinições profissionais. Por exemplo, o que antes era uma profissão ou um mercado que tinha muita visibilidade e muitos caminhos abertos, agora pode não ter muito, se é uma função que exige essa questão de aglomerações. Mas, por outro lado, existem muitas profissões que estão crescendo com a pandemia. Então, como tudo tem um lado positivo, aqui esse lado é que muitas profissões que antes estavam mais paradas, muitos mercados, agora estão sendo mais procurados e estão em desenvolvimento. Segundo alguns cientistas comportamentais, a humanidade vai demorar uns dois anos para perder o trauma de aglomeração. Então, muitos setores serão afetados, como o turismo, que é um setor que está sendo afetado e que aos poucos está voltando, mas creio que muitas pessoas ainda têm medo de viajar, têm medo de aglomeração. Então, muitos setores, segundo essas estimativas, vão demorar dois anos para voltar ao normal. Tudo isso mexe com a cabeça do jovem, que se pergunta: “E agora, o que vou fazer?”. As escolas, então, precisam ajudar nesse novo normal, nessa perspectiva de futuro. Também é possível fazer um bom trabalho olhando o cenário que está por vir, há muitas profissões que vão ajudar e colaborar muito mais. Você citou a profissão de pedagogia, novos professores estão se formando e precisarão ter o perfil de conseguir trabalhar online, de forma dinâmica, para que consiga ter mais resultados. A formação, agora, vai exigir mais. Mas também aquela pessoa que pensa em ser professor, mas se via mais nesse formato tecnológico, vai ter muito mais inspiração agora.

Folha de Paraguaçu: Você mencionou a questão do turismo entre os setores que estão sendo mais afetados pela pandemia. No caso, vivemos em uma cidade que tem o status de estância turística, sendo mais voltada ao turismo de negócios. Conhecendo essa situação da cidade mas, ao mesmo tempo tendo maior foco no turismo de negócios, com pessoas de fora que vêm trabalhar em obras aqui, você percebe que o jovem tem uma ansiedade maior em relação a isso? Falo de pensamentos no sentido de se preocupar com o fato de que se parar de vir gente para a cidade, não há crescimento nem emprego. O jovem se questiona sobre isso nas conversas com você, ou não chega a esse grau tão grande de ansiedade ao ponto de pensar dessa forma mais “macro”? É uma ansiedade mais focada em si mesmo, ou é uma ansiedade mais genérica, em relação à cidade, ao todo?

Íris Vieira: É uma ótima colocação. É uma preocupação minha em relação aos jovens. O jovem de hoje se preocupa mais com ele, não tem essa preocupação com “o que vai ser da minha cidade”, “como eu posso colaborar para a minha cidade”. Quando dou palestras fora, em cidades pequenas, me dá muito mais preocupação nessas cidades quanto ao que vai ser delas porque jovens em cidades menores que a nossa pensam em ir embora. O nosso jovem, em Paraguaçu, ele pensa em ter uma formação pela qual às vezes precisa ir embora, não pensa em voltar, pensa mais nele. Os pais e as escolas devem trazer essa reflexão, sobre o que o jovem pode fazer pela cidade, sobre o jovem se preocupar pela sua cidade. Porque, por exemplo, essa é uma pergunta que se você fizer para um jovem ele não sabe responder: “Como você vê o cenário da nossa cidade, como você vê o turismo na nossa cidade, como você vê o que pode acrescentar à nossa cidade, o que você acha que pode trazer para a nossa cidade, o que você pode buscar lá fora e trazer para nossa cidade?”, não vejo muito esse diálogo, esse tipo de conversa com os jovens, eu posso estar errado, mas não vejo, por onde passei, por onde passo. Antes da pandemia, por ano, eu visitava três ou quatro escolas de Paraguaçu, com as quais tenho algum contato. Por conta do projeto de prevenção contra o suicídio, eu entro em todas as escolas, em todas as salas de sexto ano para cima. É interessante isso, eu acho que os pais que estiverem vendo essa entrevista devem se preocupar em fazer o jovem pensar não só nele, mas também na cidade, pensar no que pode contribuir para a cidade e para o seu povo. Não ficar só com a visão de querer morar na praia, não que haja algo errado nisso, mas se não trouxermos os jovens para pensar no contexto à sua volta… Esse projeto de prevenção do suicídio, quando levo para a escola, como um projeto que implantei no CENE chamado Superação, em 2015 e 2016, nele eu quis aplicar um trabalho, em uma escola-piloto, para poder desenvolver um trabalho no âmbito da cidade como ocorre hoje. O CENE é a maior escola de Paraguaçu, no sentido de que tem mais alunos, são quase 1100 alunos. No Projeto Superação, os próprios alunos começaram a ter uma visão, comecei a trabalhar com os representantes de sala para que tivessem uma visão geral da própria escola: “como eu posso cuidar da minha escola e dos meus amigos?”, ou seja, a saúde emocional da minha sala também diz respeito a mim. Essa reflexão fez com que, na escola, diminuísse grandemente o bullying, a automutilação, a ideação suicida, a violência na escola. Com essa reflexão de que sou útil e posso ser uma pessoa que vai fazer diferença na minha escola, eu vou cuidar da escola, ela é minha também, vou fazer dela uma escola legal de se viver, isso deu muito certo. Atraímos a atenção da TV TEM, que veio ver o que criamos. Essa reflexão é um trabalho bom que as escolas devem fazer, isso vale muito. Sair da esfera mais egoísta do “eu, eu, eu”, para o “eu vou ser um bom profissional e vou colaborar com minha cidade”.

Folha de Paraguaçu: Como o lema dos Três Mosqueteiros, “um por todos e todos por um”.

Íris Vieira: Sim, sim.

Folha de Paraguaçu: Inclusive, uma percepção que tive do que você falou é a questão da vocação. Tem um autor, se não me falha a memória é Viktor Frankl, que diz que a vocação é aquilo que só você pode fazer. Para dar um exemplo bastante pessoal, acabei saindo da cidade onde eu morava quando me formei porque precisava trabalhar para ajudar no sustento da minha mãe. Eu e minha irmã éramos muito focadas no sustento de nossa mãe no fim da vida dela. Cuidar da nossa mãe era algo que só nós duas podíamos fazer, precisávamos então buscar bons empregos. Posteriormente acabei voltando à minha cidade, passei um tempo trabalhando lá e hoje estou aqui. Enfim, seria o caso de mostrar para o jovem que o que ele pensa para si mesmo não é necessariamente a vocação? A impressão que tive sobre o Projeto Superação é de que ele vai nessa linha, de que a vocação do jovem é ser a parte desse todo, ele está ali, na escola, para ser “a pedra que constrói a catedral”?

Íris Vieira: Eu sigo a linha de Frankl. Uma outra questão que me preocupa é a questão vocacional, porque existe uma linha de pensamento que os pais seguem de que os filhos devem necessariamente fazer faculdade. Não estou falando que não precisa ou que não é bom fazer faculdade, mas que existem formações que não necessariamente existem dentro de uma faculdade. Então, por exemplo, vejo muito jovem que tem um perfil empreendedor tão grande, mas tão grande, e que não é desenvolvido, porque ele sai da escola e vai fazer uma faculdade de algo que não segue aquilo que ele quer quanto ao empreendedorismo. Então, acaba-se matando isso no jovem, para obrigá-lo a ter um diploma. Por exemplo, vejo muito aqui na Santa Casa, porque faço também um trabalho aqui no RH, recebemos em média cinco currículos por dia. É uma triste realidade, a maioria desses currículos é de pessoas com formação querendo trabalhar em serviços gerais. Tem o fator de sermos uma cidade menor, a pandemia, a restrição do emprego, mas também existe muito aquela pessoa para quem pergunto: “mas você tem essa formação aqui?” e a pessoa responde que não gosta, não quer trabalhar naquilo, quer trabalhar em outra coisa que não precisa da faculdade. Então, os pais devem bater mais na tecla da inteligência emocional, que é fazer o filho ter essa reflexão de escolher a própria profissão, escolher o que vai fazer da vida e como vai ganhar dinheiro, do que ficar batendo numa profissão, no sentido de “você vai fazer isso, depois você faz o que você quiser”. Mas aquele jovem vai perder quatro ou cinco anos até fazer o que ele quer. O que garante o sucesso é a cabeça boa, não é o diploma. Ter a cabeça boa. O conceito de inteligência emocional é saber lidar com as emoções e/ou criar produto de acordo com a atualidade. Se o jovem criar um produto de utilidade, ele está com a vida feita. Eu tenho um amigo que está muito bem de vida, e o que ele faz? Ele compra e vende, compra e vende. Ele tem uma inteligência acima da média para comprar e vender. Eu lembro que na época de escola eu comprava minhas próprias rifas, porque não conseguia vender nenhuma. Ele tem uma inteligência acima da média, ele compra e vende com uma facilidade incrível, com pandemia, sem pandemia, com crise ou sem crise. Ele está muito bem de vida. E tem pessoas que têm formação e não estão tão bem quanto ele. Essa reflexão é algo em que os pais devem pensar muito. Eu indico um livro aos pais que estão ouvindo, que se chama “Pai Rico, Pai Pobre”, que é um livro que todo pai e toda mãe deveria ler para ter essa visão, para tirar essa questão de formação e pensar mais em sucesso. Você quer que seu filho seja formado ou você quer que seu filho tenha sucesso? Deve-se admirar o pai da Gisele Bündchen, que educou as filhas dessa forma. Ele também trabalha com isso, ele é uma espécie de coach de carreiras, e treinou a Gisele para ter sucesso. Ela não tinha o perfil de moda da época, e ela conseguiu o objetivo dela, que era ser a número 1 do mundo. Ela foi uma pessoa de sucesso. Qual a formação que a pessoa precisa pra ser modelo? Nenhuma. Precisa de alguns cursos da área, ou não. Então, os pais precisam trabalhar mais isso, incentivar mais os filhos. Tenho percebido jovens tristes e depressivos por quê? Porque gostariam de ser, por exemplo, fotógrafos, youtuber, designers de games, ou jogadores profissionais. Hoje em dia há jovens ganhando muito dinheiro com isso.

Folha de Paraguaçu: Com patrocínio… eu mesma conheço um caso de gamer que recebe patrocínios e vive disso.

Íris Vieira: Eu acho que um dos lados positivos da pandemia é parar e pensar. Pensar em como eu estava caminhando com a educação dos meus filhos, como estava minha cabeça, parar e ler, porque em meio à loucura toda sobra mais tempo do que antes. Ou antes sobrava, mas a gente não enxergava. Hoje fazemos muito mais coisas que antes se dizia que não dava. Tudo isso é reflexão de vida. Viktor Frankl, um dos autores que eu sigo, fala sobre isso: encontrar um sentido de vida dá uma energia muito grande. Saber para onde você está indo, por que você está neste mundo, dá uma energia muito grande. Então, fica a dica aos pais.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo